tag:blogger.com,1999:blog-65042605324065369972024-03-05T01:51:19.005-08:00Raimundo Rodriguez - TextosTextos sobre o artista plástico Raimundo Rodriguez. Nascido no Ceará em 1963, filho de pai estucador e neto de carpinteiro, começou a pintar aos treze anos. Participou de ateliê no Rio, a Colméia dos Pintores do Brasil e participou, aos quinze anos do 1º Salão do Artista Jovem, no Planetário, no Rio. Durante alguns anos foi animador cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.luisa cardosohttp://www.blogger.com/profile/04082065121375563028noreply@blogger.comBlogger25125tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-11547307070616850252014-09-13T11:13:00.000-07:002014-10-21T16:48:46.919-07:00Projeto Especial Varanda | Raimundo Rodriguez – Latifúndios<a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com.br/search/label/MAC%20Niteroi" target="_blank" title="veja mais sobre a exposição Latifúndios no MAC Niteroi">Latifúndios - MAC Niteroi</a><br />
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<div style="text-align: justify;">Alegria, alquimia e generosidade seriam três palavras que podemos atribuir ao artista Raimundo Rodriguez. Alegria como Espinosa reivindicava para os afetos geradores de potência de agir na vida. Esta alegria imanente do artista se atualiza pelo compromisso com a renovação do sentido do encontro com a matéria e refugo do mundo. A atenção do Raimundo se desloca dos objetos que estão em uso e mergulha no ferro velho, rompendo com o ciclo de decomposição e abandono das latas e materiais usados. Sua prática artística é também da alquimia, pois entende que toda matéria é uma forma de energia em diferentes estados de consciência. Através destas superfícies diferenciadas de ferrugem expõe-se a transitoriedade da existência, resgatando também questões da arte póvera dos anos 60, com a autenticidade de quem nasce e vive na periferia e margem do Grande Rio. Porém, Raimundo também atualiza e transborda o construtivismo das superfícies moduladas da Lygia Clark expostas no salão do museu, unindo, através de sua polifonia cromática, a varanda do museu à paisagem e mundo como uma presença musical que reinventa a arte na natureza. Assim, o artista devolve ao mundo a matéria largada na sombra do consumo transmutada em estado inaugural de matéria lúcida da arte.<br />
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É diante da paisagem do MAC que percorremos o Jardim das delícias, os Armários (coisários) – tais quais, gabinetes de curiosidade contemporâneos, e o Mar de Ilusões produzidos por Raimundo. A generosidade do artista se traduz como transbordamento vital, antes de mais nada, de sua prática incansável que reverte o sentido de decomposição – entropia e caos da vida, para uma outra ordem geradora de pulsações e polifonias. Cor e som ressoam pela varanda como renascimento estético e simbólico da matéria através do jogo de policromia da existência ou do construtivismo existencial de ser artista. Podemos reconhecer nessas composições uma espécie de sinfonia visual – um coral de latas – que se re-significam como materialismo espiritual da arte.<br />
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Inauguramos com muita alegria esta ocupação especial na varanda do MAC que ativa tão bem os elos e irradiações deste museu com a paisagem e sociedade através dos muros do Macquinho – Plataforma Urbana Digital.<br />
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Luiz Guilherme Vergara<br />
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Curador-Diretor<br />
Museu de Arte Contemporânea de Niterói</div>Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-2357222969147405732014-06-01T09:16:00.002-07:002014-10-21T16:49:34.756-07:00Latifúndios são pedacinhos de chão<a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com.br/search/label/Meu%20Pedacinho%20de%20Ch%C3%A3o" target="_blank" title="veja mais sobre Meu Pedacinho de Chão">Meu Pedacinho de Chão</a><br />
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<div style="text-align: justify;">Existe uma faculdade humana fundamental que é a capacidade de pensar por imagens. Elas nos chegam por formatos e cores diversas o tempo todo, enquanto estamos acordados ou sonhando. Entretanto, em alguns esse exercício parece ocorrer de uma forma especial. É o caso do artista Raimundo Rodriguez, que faz parte desse seleto grupo e seu mundo é povoado de memórias a partir de objetos recolhidos dos resíduos do mundo. Esses objetos e restos descartados no cotidiano das pessoas, em suas mãos ganham vida para reconstruir um novo sentido das coisas, uma nova fábula. E pra que serve uma fábula? Serve para analisar a alma e a natureza do ser humano e, dessa forma, Rodriguez nos presenteia a cada novo trabalho com algo que se assemelha a uma porta de entrada para os sonhos. Cada objeto em suas mãos ganha novo significado e se insere numa nova narrativa que desnuda a alma, faz pensar, atormenta em alguns casos e encanta em outros, criando beleza onde nada existe e propondo um constante exercício de deslocamento na memória. Nele, não nos recordamos de algo que ficou guardado , de algo que se partiu, pelo contrário, criamos nós mesmos as associações, as metáforas e as histórias. São nossas memórias inventadas que vêm à superfície e nos insere no contexto, na fantasia, no mundo refeito de aparas intermináveis de papeis, latas, ferragens retorcidas, caixas, madeiras e tudo mais que foi deixado pelo caminho do consumo.<br />
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“Me interessam muito os objetos de força bruta para sacralizá-los: um carrinho de mão, uma ferramenta, um manequim de moda que transformo em anjo. Quero, como disse Walmir Ayala, harmonizar objetos conflitantes.”, são palavras dele. A capacidade de dar vida às coisas sem sentido e estabelecer narrativas, parece simples operação de rearranjo de símbolos, mas pelas mãos de Rodriguez, o ato criativo é transbordante e poético. Sua obra já foi objeto de Tese Acadêmica e ele reúne em torno de si um grupo de parceiros artistas, escritores e pensadores que vêm trabalhando, nos últimos 30 anos, com um conceito em comum que alia ética e estética na arte.<br />
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No momento presente, sua obra ganha contornos de superprodução pela mente não menos talentosa, de Luiz Fernando Carvalho, responsável por produções impecáveis como "Capitu", "A Pedra do Reino", "Hoje é dia de Maria", "Alexandre e Outros Heróis", dentre outros primorosos trabalhos no veículo mais popular do mundo, a TV, e tendo na maioria delas, Raimundo Rodriguez na direção de arte. Nessa mesma TV, onde nunca se esperou mais do que entretenimento com conteúdos que sofrem pressões da sua indústria, Carvalho inova propondo adaptações do que existe de melhor em nossa cultura, buscando referências e comprovando que a produção em nível elevado artisticamente, não compromete a ação para as massas, ao contrário, eleva a linguagem televisiva. Carvalho propõe, basicamente, abordar o mundo a partir da arte porque entende que arte e vida podem andar juntos por se inscreverem na mesma categoria.<br />
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A simbiose dos talentos de Carvalho e Rodriguez brinda o grande público com um primor chamado “ Meu Pedacinho de Chão”, uma fábula que tanto pode fazer com que nos sintamos diante de um quadro de Marc Chagall, tamanho é o sonho colorido, como parecer que estamos sendo conduzidos por uma passagem de “Sonhos” de Akira Kurosawa, caminhando pelos campos de trigo dos quadros de Van Gogh e seus personagens maravilhosamente estranhos, dialogando com a subjetividade e a sensibilidade do Neoconcretismo ou, simplesmente, que estamos diante de “Latifúndios”, a grande e interminável série de Rodriguez – telas recortadas de lata e tinta arranhada que vai compondo poemas para serem decifrados e recontados.<br />
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De “Latifúndios”, Raimundo Rodriguez fez pedacinhos de chão remendados onde nasceu uma cidade inteira, como se estivesse lendo Italo Calvino a construir uma de suas cidades invisíveis na memória e , com enorme extensão de matéria orgânica da alma, a terra prometida da fantasia surgiu diante de nossos olhos. Como lavradores sentimos ânsia de invasão, queremos explorar todos os cantos e nele construir nosso jardim e nosso estar no mundo. São nossos sonhos reais e imaginários fundindo-se, confundindo e transformando-se em novos latifúndios.<br />
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Eis o que ocorre diariamente na tela virtual, potencializamos nossa vontade de decifrar mistérios, de aprender com a fábula, de acordar com o sonho sendo realizado. Fantasiar. Trabalho imenso, como um latifúndio essencialmente humano.<br />
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Marcia Zoé Ramos<br />
Rio, 05/2014<br />
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artista plástica, arte educadora, historiadora de arte, produtora e gestora de projetos de arte e cultura. Mineira, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 2007</div>Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-35263682878700846392013-09-19T10:15:00.003-07:002014-10-21T16:50:21.654-07:00Papelaria Tem Tudo: O papel dos afetos ou os afetos em papel<a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com.br/search/label/papelariatemtudo" target="_blank" title="veja mais sobre a exposição #Papelariatemtudo">#Papelariatemtudo</a><br />
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Quando Braque e Picasso ainda em 1912 aprofundavam as suas experiências cubistas a partir da colagem/assemblage, incorporando em suas obras tiras de jornal, papeis de parede e até mesmo objetos ordinários como maços de cigarro, retalhos de tecidos variados, entre outros, o campo das artes plásticas passava por uma verdadeira revolução, onde a presença ostensiva do mundo material se tornaria irreversível e pregnante.<br />
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Salto quântico na questão formal, e é preciso lembrar que devemos amar a forma pelo que ela é, ou melhor dizendo, como ela se apresenta.<br />
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A colagem ou o “Cubismo de colagem”, como “novo” recurso técnico, ponta de lança de novas conquistas, que invadiu o campo pictórico, ainda se apresentava, diante das aspirações modernistas, como síntese. Esta síntese que se quer incisivamente formal foi compreendida como um impulso teórico, como uma reflexão profunda, sequencia “natural” dos experimentos analíticos com a cor, a distorção e a planificação, e por fim, como uma pesquisa autocentrada.<br />
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Pouco mais de cem anos depois, a colagem ou assemblage se afirma como um recurso vivo na arte contemporânea, angariando inúmeros sentidos, em boa parte, distanciando-se de seu cerne racionalista, de sua contraparte modernista.<br />
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Uma mostra desta particularidade dos sentidos pode ser vista na exposição intitulada “Papelaria Tem Tudo”, do artista plástico Raimundo Rodriguez, através de um conjunto de obras em papel que são fruto direto de uma compilação de trabalhos que se iniciaram em 2007, e que se encontra em andamento o denominado work in progress.<br />
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A experiência de manipular a vasta família dos papéis é sugerida de início pelo título da exposição. A ideia de uma papelaria que “tem tudo”, e, tudo inclui toda sorte de material artístico, está para o amante das artes assim como a livraria está para o amante das letras.<br />
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Neste caso, um elo fortíssimo une os dois sensíveis amantes: o papel.<br />
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Papel kraft, papelão, papel alumínio, papel celofane, papel canson, papel de carta, papel ofício, papel mata-borrão, papel couchê, papel mate (fosco ou brilhante), papel duplex, papel artesanal, tríplex, entre tantos outros, cada um com sua própria poética, cada um com sua própria memória, ainda que em branco.<br />
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O papel, suporte máximo das letras, também é o das cores e dos desenhos e, em última instancia, das pinturas – antes da pintura, aprioristicamente, ele é a tentativa (em papel jornal, preferencialmente), é o ensaio que chamamos de croquí.<br />
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As imagens oníricas de tempos que se atravessam em platôs múltiplos são aglutinadas nos papéis da papelaria imaginária de Rodriguez por meio da assemblage.<br />
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Colagens de fragmentos vivos encontrados em selos de cartas, fotografias, ingressos usados, folhas secas, páginas rasgadas, panfletos descartados, marcadores de livros, etc. que se assentam harmonicamente sobre uma superfície adesiva constituindo as obras na tensão permanente entre o figurativo, o abstrato e o gesto/conceito.<br />
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É preciso aderir à forma pelo que ela é. Adesão simpática ou pura e simples empatia que evocará da língua alemã, contextualizada por teóricos como Worringer, o termo “Einfühlung”. Trata-se de projeção sentimental.<br />
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É preciso ter empatia pelos papéis delicados que flutuam abaixo de finas camadas de verniz, cera, giz e tinta.<br />
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Esses fragmentos de memórias afetivas estão em busca de uma unidade. Tais imagens são quase como cartas íntimas ressignificadas por códigos que não podem ser nem definidos como meramente figurativos, nem como apenas abstratos. Tais códigos convertidos em poéticas precisam ser sentidos, constantemente revividos, “lidos” pelo avesso. E é nesse avesso de uma projeção sentimental que se poderá amar a forma somente pelo que ela é.<br />
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Renata Gesomino.<br />
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Crítica de arte e curadora independente. Doutoranda pelo PPGAV-UFRJ. Professora de História da arte pela EBA-UFRJ e pelo Instituto de artes – UERJ.Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-78066874548891831122013-06-29T10:27:00.001-07:002013-06-29T10:36:15.259-07:00A Geometria sensível revisitada nos variados e inúmeros latifúndios.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6JRTocHHsoyIiqMXa474yGoPsy3405rbax-6vqbNrLa_Bouas5U2KshdYsFdOPqG-Eu5x1RVBcL7MHsBNeg8EyarKJMX21zaq4Hsmv92WdA8xtW7w1rV4M0Y2G0RIRM-wFI9NcOjesuVs/s1600/Constru%C3%A7%C3%B5es+com+latas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6JRTocHHsoyIiqMXa474yGoPsy3405rbax-6vqbNrLa_Bouas5U2KshdYsFdOPqG-Eu5x1RVBcL7MHsBNeg8EyarKJMX21zaq4Hsmv92WdA8xtW7w1rV4M0Y2G0RIRM-wFI9NcOjesuVs/s640/Constru%C3%A7%C3%B5es+com+latas.jpg" width="640" /></a><br />
Não se trata mais da tela, mas, da lata de tinta como suporte da obra, das cores internas <br />
das latas como paleta a ser escolhida, do desgaste natural como nuanças, gradações e dégradés. <br />
Esses objetos cilíndricos materializados a partir de folhas de aço não escondem sua força, resistência e rigidez, e ainda assim, são abertos, desamassados e pregados, como o tecido mais flexível que encobre os tradicionais chassis.<br />
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Imagine a família das latas sem seus rótulos pop-histriônicos e coloridos? O que sobraria além das indiferentes formas cromadas e ascéticas? Sobrariam esculturas. Um arsenal de formas extraídas em posição bélica do silêncio implacável imposto por uma Minimal Art hipotética.<br />
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Mas, não é de Pop nem de Minimal art que se trata. Essas possíveis esculturas, em <br />
sua maioria, foram planificadas e a ação do tempo corroeu sua aura metálica intergaláctica, <br />
afirmando, mais do que nunca, a presença da terra, da poeira, dos ventos e de uma natureza <br />
brutalmente terrestre. <br />
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É a marca do tempo impressa em pequenos, grandes e médios latifúndios.<br />
É possível percorrer um pequeno trajeto onde esses “latifúndios” de tamanhos e formas variadas discretamente revelam em meio à quase total abstração, cores que indicam lugares e <br />
desgastes que indicam um tempo.<br />
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Uma aleatoriedade de números esclarecem as relações entre o colorido frenético dos <br />
latifúndios e as identidades ocultas das latas, como num catálogo ou numa tabela de cores de <br />
algum fabricante de tinta. <br />
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Ao lançar um olhar crítico-historicista que percorre os estilos e movimentos<br />
legitimados, seria possível reconhecer na obra “Inúmeros” uma iluminação criadora de determinada ambiência como vistas nas obras de Dan Flavin, e um agregado de números tão expressivos quanto os de Jasper Johns em “Numbers in Colour”, de 1959, por exemplo.<br />
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Entretanto, as sinalizações (de trânsito) são claras, e esses “latifúndios” – os mais recentes do artista indicam também o período caótico e fastidioso de obras pelo qual passa a cidade do Rio de Janeiro; esta última, loteada, vendida, transformada em “latifúndios”, mas não agrários… urbanizados e em permanente reforma.<br />
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Em meio ao devaneio das poéticas das latas que não buscam uma representação do real, <br />
mas, uma afirmação da pintura como objeto, há paradoxalmente, um conjunto de sinalizações de trânsito que nos puxam de volta para o real, para o agora, para a vida nas cidades. <br />
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Renata Gesomino.<br />
Doutoranda na linha de pesquisa de História e Crítica da Arte pelo PPGAV.Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-45637673145127674162013-06-29T10:07:00.004-07:002013-06-29T10:37:14.798-07:00REZA DE UM ATEU II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkkyN0glB47zUWk6n96MwrBMpQjnYnBryw9tSlAK15GOW1qMFPTxxHNnfOwSeEy4Tna9oHKP8X6zLhLeBsyvCMFbyBZMfH80Ln__Qf20Bhlksl0hyphenhyphenu-idbpjp03QKD9_CZDuZWx2U6B-oM/s720/S%C3%A3o+Jorge-Vencedor+-2007-escultura+3m+x+3m+x3m+foto+AC+Junior.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkkyN0glB47zUWk6n96MwrBMpQjnYnBryw9tSlAK15GOW1qMFPTxxHNnfOwSeEy4Tna9oHKP8X6zLhLeBsyvCMFbyBZMfH80Ln__Qf20Bhlksl0hyphenhyphenu-idbpjp03QKD9_CZDuZWx2U6B-oM/s640/S%C3%A3o+Jorge-Vencedor+-2007-escultura+3m+x+3m+x3m+foto+AC+Junior.jpg" width="572" /></a></div>
São Jorge Vencedor, obra de Raimundo Rodriguez - foto: Ac Junior<br />
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NÃO MEXAM<br />
COM O SÃO JORGE<br />
DO RAIMUNDO.<br />
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DA ÚLTIMA VEZ<br />
QUE O SANTO DESCEU,<br />
DESABOU TODO DESARRUMADO,<br />
DISFARÇADO DE SUCATA.<br />
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A BABA DO DRAGÃO<br />
FINGIU SER FIO USADO<br />
SUAS ASAS VIERAM<br />
COMO ANTENA PARABÓLICA<br />
NUM IMAGINÁRIO PERIFÉRICO<br />
DO ESTADO INTERNO DO CEARÁ.<br />
<br />
NÃO MEXAM<br />
COM ESSE SANTO,<br />
DIGO NA LATA, PARCEIRO,<br />
ESSE SONHO<br />
É DE UM ARTISTA GUERREIRO.<br />
<br />
NÃO TOQUEM<br />
NA CAPA DE JORGE,<br />
DEIXEM SEU VOILE METÁLICO LIVRE<br />
VOAR ATÉ A DOBRA DA EMOÇÃO<br />
E PEÇA QUE NOSSAS ARTÉRIAS,<br />
QUE NÃO SÃO DE LATA,<br />
SUSTENTEM ESSE POBRE CORAÇÃO.<br />
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<br />
VICTOR LOUREIRO<br />
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<br />Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-60375648722401064822013-06-29T09:52:00.001-07:002013-06-29T10:39:22.163-07:00Trombetas na escuridão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji_5f25OIph4OzJm0WeY2g2NG-sW-VC2PyT0uZyGDEdgYtPFgFItFdvtKc256QZKD5iVuN1x8_ThzYT5IjGRX-cy0gt6K8LZZmz8VME1_Jdot3NLt7P783cOmeEdSOGt4d77w-gLaeS0GJ/s1600/DSC_7154.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="484" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji_5f25OIph4OzJm0WeY2g2NG-sW-VC2PyT0uZyGDEdgYtPFgFItFdvtKc256QZKD5iVuN1x8_ThzYT5IjGRX-cy0gt6K8LZZmz8VME1_Jdot3NLt7P783cOmeEdSOGt4d77w-gLaeS0GJ/s640/DSC_7154.JPG" width="640" /></a></div>
<span class="fbPhotoCaptionText">Raimundo tem o mistério de Midas, ele
toca a matéria rude, a forma inerte e as transforma em beleza e
encantamento. Generosa, arrebatadora, a arte em Raimundo transborda como
uma ciranda funk a unir tempos e espaços, culturas e informações,
ritual de realidades transfiguradas, mistérios e magias recicladas, o
artista é uma ponte (ensina Nietszche e Raimundo obedece), Rauschenberg,
Vitalino, mulambos, art povera, tá tudo aí, deliciosamente misturado,
mestiçado como a gente, como o mundo e como a vida que a gente um dia
vai viver e que Raimundo, com talento e inteligência, como um arauto
contemporânea, trombeteia pelos céus e mares, raio que ilumina a
escuridão, vasto mundo...<br /> <br /> Marcus Lontra Costa</span>Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-43145813426562125332013-04-08T17:17:00.002-07:002013-06-29T07:50:01.399-07:00Rastros do tempo - O embaraço das linhas da memória<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh49-245nHhSSJCAGyLM2otmgvwguA9FEajBnvQ8wZ0WUxbxe5EN-Ee3b1uBkovB-4q3WrOlU9Uj6kv1mQm8OBdYUe_IvOuM8GBSsfq6pFGYTulWeHeMUhyJjKXr7lAiyOP7aj2AyUhlcLI/s960/311382_457356824311274_2005719890_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh49-245nHhSSJCAGyLM2otmgvwguA9FEajBnvQ8wZ0WUxbxe5EN-Ee3b1uBkovB-4q3WrOlU9Uj6kv1mQm8OBdYUe_IvOuM8GBSsfq6pFGYTulWeHeMUhyJjKXr7lAiyOP7aj2AyUhlcLI/s640/311382_457356824311274_2005719890_n.jpg" width="518" /></a></div>
Como quem desenha uma linha. Reta, outra não tão reta. Sinuosa. Como quem olha e encontra o embaraço dos fios. Como quem procura a si, tentando encontrar no anti-horário dos relógios a sua história. O tempo que volta para trás: -”Mas agora já são tantos os fios!”. E assim, como quem conta uma história. Como quem procura o fio da meada, acha na memória o novelo.<br />
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A contemporaneidade nos ensinou que o homem é sujeito constituído de pedaços e, que fragmentado, caminha procurando incessantemente sua unidade. Nos ensina que, no máximo, ele consegue promover clarões, vislumbrar em poucos segundos a sua própria existência. Instante onde seus fragmentos encontram uma ordem temporária, capaz de organizar o passado, dar um sentido pro presente e predizer o futuro...<br />
<br />
O artista contemporâneo, em muitos dos seus movimentos, faz isso. Coleta rastros, guarda nas gavetas pedaços de papel, linhas, folhas, roupas velhas. Nos cantos de suas casas residem sem aluguel, pedaços de madeira, latas de tintas sem tinta, o resto da utilidade. Perenes, todos esses sinais aguardam o movimento da memória que nem sempre se reveste de história a ser contada. A ação é do tempo. É ele quem ensina o gesto a ser aplicado, que guarda as descobertas e que cultiva a cultura. Ele quem diz: -“ Arte!”. A memória é uma habilidade do Tempo e, às vezes, ela é ancestral, memória que permanece do mundo. Tipos, arquetipos, deuses. E, se ainda não o são, podem vir a ser.<br />
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O artista Raimundo Rodriguez é um coletor, trabalha com matéria de memória, transforma as suas, as do universo, as de outrem em objetos estéticos. Seus sinais são mutantes, uma coisa se transforma em outra. Seu trabalho é rastro do mundo. Diz sem contar sobre o tempo. E, se o tempo é qualidade, suas obras cativam porque coincidem sincronicamente com outras temporalidades.</div>
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Sabrina Travençolo<br />
Cientista Social, artista plástica e integrante do Grupo Garrucha Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-27742864536944913312013-04-04T16:06:00.001-07:002013-06-29T09:15:42.424-07:00A Orquestra do desejo<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLeMdiKTxWbmCjSbU_JRKARHxsrFuJr8USnT2nssUubCYng5D4It9Nu9bBDaFu7ORKmoJ-IlZ5ZOO4aKfsGMkuKgx8w16Qdd-YNDZvCFDaS5FxaqMLRdy2kzg2p5iURP7fmBaRgRTIIVjf/s1600/sp+arte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLeMdiKTxWbmCjSbU_JRKARHxsrFuJr8USnT2nssUubCYng5D4It9Nu9bBDaFu7ORKmoJ-IlZ5ZOO4aKfsGMkuKgx8w16Qdd-YNDZvCFDaS5FxaqMLRdy2kzg2p5iURP7fmBaRgRTIIVjf/s640/sp+arte.jpg" width="640" /></a></div>
“O Jardim das Delícias - Reflexões sobre questões materiais e transitórias ou simplesmente uma obra em processo”<br />
<br />
<br />
O que busca Raimundo pelos jardins de sua arte?<br />
<br />
Ele diz: – “A própria busca”.<br />
<br />
Assim começa essa história, que é corpo e caminha com cuidado, pé a pé sobre a perigosa e escorregadia linha da linguagem e que sabe, que num descuido as fronteira dos sentidos se dissolvem: o que é bom vira mau, o que é desejo também é desespero e o que a princípio é deleite, ao espelho se vê como delírio. Nada é, mas tudo é possível.<br />
<br />
Nesse faz de conta dúvidas proliferam: Como afirmar virtudes se o mundo continua aqui fora? Como dizer “agora”, se o agora já é depois e depois ... e que eternamente o presente já é história? Como dizer de fato que ele está aqui ou que isto está ali, se seus nomes nos escapam? Nessa história das coisas sem nomes, vive-se sob a perspectiva dos índices e sinais; e é sobre estes rastros que o artista Raimundo Rodriguez cria “ O Jardim das Delícias - Reflexões sobre questões materiais e transitórias ou simplesmente uma obra em processo”.<br />
<br />
Obra em processo, como diz o próprio título, nasceu no sopro antigo do Jardim das Delícias de Hieronymus Bosch, e teve seu agora em 1994. Ela conta a história da busca do artista, não mais pelos nomes ou definições, já que tudo é transitório e escorregadio, mas pelas existências. Há assim, nas 24 peças que a compõe, toda sorte de materiais: ferramentas, crucifixos, pedaços de madeira, enfim coisas que se soltaram das engrenagens do mundo, que perderam suas identidades e se tornaram presenças anônimas inundadas de falas sobre si.<br />
<br />
E se em Bosch, que é com quem dialoga em silêncio o trabalho de Raimundo Rodriguez, os desejos estão ditos sob o nome de pecado e os encontramos corporificados em homens, mulheres e monstros, todos em carne, em Raimundo já o encontramos sublimado. O desejo é um desejo de tudo, um “eu quero” sem saber ao certo o que se quer. Perdidas suas funções iniciais, esses objetos se tornaram peças de um algo maior, que cresce e que canta suave o desejo em si. No fim o ritmo é dado: o coro dos objetos se forma, e em uníssono marcam a forma como eles se espalham na superfície das placas.<br />
<br />
Caminhando no tempo, o artista Raimundo Rodriguez segue assim na sua obra infinita. Na sua busca incessante, encontra sempre a arte como início de resposta. A única coisa que permanece constante no seu trabalho é o gesto criativo: a mão do artista que orquestra os desejos.</div>
<br />
Sabrina Travençolo<br />
Cientista Social, artista plástica integrante do Grupo GarruchaRaimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-41848362154266222472013-02-11T16:17:00.000-08:002013-06-29T09:18:30.987-07:00São Jorge em dois tempo:<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTeikJ9K_673NfeN6PJXoDw997eBk8GhHdiTaIBs3CB5qXBcnZVFBGotk2KlIDmleircVPnSw8el8BLBYmhtctHzS9arujRYRNGtN4o7HMqIhBxXndLh7V00zUHvutMWrQpZPDU7eSISCj/s1600/IMG_7608.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTeikJ9K_673NfeN6PJXoDw997eBk8GhHdiTaIBs3CB5qXBcnZVFBGotk2KlIDmleircVPnSw8el8BLBYmhtctHzS9arujRYRNGtN4o7HMqIhBxXndLh7V00zUHvutMWrQpZPDU7eSISCj/s640/IMG_7608.JPG" width="640" /></a></div>
O cavalo branco<br />
<br />
Montado em seu cavalo branco, Jorge sai da Capadócia. Montado em seu cavalo branco, Jorge olha o mundo. Pela sua fé, o cavaleiro Jorge enfrenta o rei. Pela sua fé, São Jorge se torna. Na lua ele reside, eternamente montado em seu cavalo branco e sempre em riste vencendo o dragão.<br />
<br />
Pronto pra batalha este bravo entra na Avenida, mas agora aclamado sorrirá, por que não há guerra a ser vencida, há samba a ser tocado! Seu filho, Raimundo Rodriguez lhe oferece o cavalo. Caixas de leite lhe revestem, máquina lhe move, é motor que gira, é mundo que gira, mundo de rima, máquina de poesia. O artista e sua obra na avenida. Dias de trabalho árduo o cavalo proporcionou. Mal sabe Jorge das estruturas de ferro que põe seu companheiro em pé.</div>
<br />
<br />
Sabrina Travençolo<br />
Cientista Social, artista plástica integrante do Grupo Garrucha Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-61288868717836261242012-07-29T10:51:00.000-07:002013-06-29T10:52:11.633-07:00Poética - São Pedro o Sumo Sacerdote<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Y1riEagJn3xb3Vbgz2vpYavpdT_OFJg3bBS-m3qacm8UqTPgjSv8f1r9BElCueIHW6Ep4z3SOUCDBp1gPxik_8TfuQm-PM6npiwAMODGE6DEzbFJpWrW_dNcvhzyko4WUtE6cV5HVi1h/s1600/gesomino-raimundo-rodriguez-sao-pedro.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" title="São Pedro da série Santos Arcanos, caixa de Raimundo Rodriguez"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Y1riEagJn3xb3Vbgz2vpYavpdT_OFJg3bBS-m3qacm8UqTPgjSv8f1r9BElCueIHW6Ep4z3SOUCDBp1gPxik_8TfuQm-PM6npiwAMODGE6DEzbFJpWrW_dNcvhzyko4WUtE6cV5HVi1h/s1600/gesomino-raimundo-rodriguez-sao-pedro.jpg" width="636" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
São Pedro da série Santos Arcanos, caixa de Raimundo Rodriguez</div>
<br />
<br />
<i>São Pedro segura as chaves com a mão esquerda e com a direita ele tem os dedos em riste.<br />
Ele é sábio, um grande orador, o príncipe dos apóstolos afirma que Deus existe.<br />
Também é doce e o seu olhar é cheio de fé e compaixão.<br />
O Sumo Sacerdote, fiel à Cristo até em sua invertida crucificação.<br />
É apóstolo dedicado, Pedro foi pescador como Tiago e João.<br />
<br />
Também chamado de Xangô Alufam em outras paragens.<br />
Pedro, em oração, está presente em todas as imagens.<br />
Repousa divino e majestoso dentro da caixa artística de madeira.<br />
Salve São Pedro! Salve Cefas! Forte como pedra de pedreira!</i><br />
<br />
<br />
<a href="http://www.paginadacaza.blogspot.com/search/label/Renata%20Gesomino" title="Leia outras matérias da Renata Gesomino">Renata Gesomino</a><br />
Curadora e crítica de arte independente. Doutoranda pelo PPGAV-UFRJRaimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-1436257097289641602012-01-19T09:40:00.000-08:002013-06-29T10:47:01.662-07:00Do Caos Urbano à Recriação do Mundo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiElzSpYM1s6Zfnv6-_0T7edOg971f99Kejhb_Kpn9Rf_v2Bs4mz9oMe6ZLWhfJHIfxOcmUw5xPf_A5vR1o4TWXtm4r3PzWNmoH9FUlkvrqeH_4QbSjdqmVPNN4O8TiTeDaL8rc-DyQt5mc/s1600/IMG_9023.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiElzSpYM1s6Zfnv6-_0T7edOg971f99Kejhb_Kpn9Rf_v2Bs4mz9oMe6ZLWhfJHIfxOcmUw5xPf_A5vR1o4TWXtm4r3PzWNmoH9FUlkvrqeH_4QbSjdqmVPNN4O8TiTeDaL8rc-DyQt5mc/s640/IMG_9023.JPG" width="640" /></a><br />
<div class="fbPhotoCaption">
<span class="fbPhotoCaptionText">Conheço
Raimundo Rodriguez há uns vinte anos e, portanto, posso dizer que tenho
acompanhado um pouco da sua trajetória como artista plástico. Seus novos
trabalhos, que pude apreciar ontem na abertura da sua exposição na
Caza, apresentam-se como uma síntese de sua obra, da qual os elementos
mais exuberantes e barrocos de momentos anteriores deram lugar a uma
linguagem mais contida, contudo não menos expressiva. Por outro lado,
apesar de se apresentarem no âmbito da pintura, guardam muito da
característica de “objeto” de suas obras mais antigas, além, é claro, de
serem compostos também por materiais reciclados, oriundos de contextos
outros, para não dizer do próprio lixo. Pois Raimundo sempre soube ver
um potencial de arte nos materiais mais diversos, transformando coisas
as quais poucos dariam importância em composições ricas de informação
plástica e simbólica.<br /> Nisto seu trabalho se inscreve na linhagem
que, no século XX, começa com Braque e Picasso, com seu Cubismo
Sintético, repleto de colagens de materiais extrapictóricos, que
tornavam cada natureza morta em algo “real”, possuidora de uma “verdade
material” constituída por elementos concretos da vida aplicados à
pintura. Esta utilização dos mais diversos materiais colados à
superfície da pintura se estendeu aos dadaístas, já num contexto
diferente, de “antiarte”, vindo a se tornar os revolucionários ready
made de Duchamp. Outros artistas, em outros momentos e com propostas
diversas, também lançaram mão de materiais retirados dos restos da
sociedade de consumo, como os ligados à arte povera, assim como vários
daqueles ligados à pop art.<br /> Pode-se dizer que no mundo contemporâneo
esta é uma prática quase que obrigatória para muitos artistas, pois
tudo, literalmente tudo, se tornou material para a arte. Contudo, o que
diferencia a obra de cada artista são três requisitos fundamentais: 1º -
talento; 2º - a intenção; 3º - saber como articular formalmente o
material que se tem em mãos. Estes requisitos são visíveis em toda a
obra de Raimundo, que sabe manusear seus materiais, tanto os
tradicionais quanto os menos ortodoxos, com muita imaginação e
conhecimento de causa, transitando naturalmente, na criação de suas
obras, do mundo sofisticado da arte “erudita” ao não menos complexo e
repleto de significados mundo da “arte popular”.<br /> As obras mais
recentes em questão, simplesmente chamadas de “Obras Inéditas”,
exemplificam isto claramente ao reconstruírem com rigor compositivo e
cromático a imagem do nosso mundo urbano e caótico. Neste contexto, as
cores e texturas “naturais” dos objetos, praticamente utilizados como
foram coletados -as folhas abertas das latas de tinta -, são esta
referência a nossa urbs e seu universo de comércio, indústria, trabalho,
trânsito, dinheiro,moradia, pobreza, riqueza, vida, morte, lixo e
reciclagem. Mas tudo isso só ganha um valor novo e válido artisticamente
por ter sido coerentemente articulado numa linguagem que derivada do
abstracionismo geométrico não se deixa, no entanto, aprisionar em seus
limites.<br /> Esta é a obra de Raimundo Rodriguez, um artista aplicado
como poucos ao seu métier, fazendo da sua vida e da sua arte uma unidade
inseparável. Que prossiga sempre com sucesso em sua carreira sempre
criativa.<br /> <br /> 19 de Janeiro 2012<br /> <br /> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="fbPhotoCaptionText"></span></div>
<span class="fbPhotoCaptionText">
Ricardo Antonio Barbosa Pereira</span></div>
Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-28130160702029990722011-08-24T17:54:00.001-07:002013-06-29T08:27:32.290-07:00Raimundo Rodriguez - Obra<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOud_U5CnStTouAmF8E63PlT2nX5-JAACN2prkX8p6BaqusYid3mu_E6b4KEUDCWUe7s0TDJwtQzJPTx6RK-XAIisQR1SiE0-lpcyv2wjLS0IbO8vSzpOMoOWp8uuiVYDkOg_yYuPXqRpU/s1600/IMG_1844.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOud_U5CnStTouAmF8E63PlT2nX5-JAACN2prkX8p6BaqusYid3mu_E6b4KEUDCWUe7s0TDJwtQzJPTx6RK-XAIisQR1SiE0-lpcyv2wjLS0IbO8vSzpOMoOWp8uuiVYDkOg_yYuPXqRpU/s640/IMG_1844.JPG" width="640" /></a></div>
Em meio a uma iluminação definitivamente Barroca, ao repousar o olhar nas obras do artista plástico Raimundo Rodriguez, somos seduzidos pela singularidade universal de seus trabalhos. A visão rapidamente apreende um imaginário rico em cores que passam por infinitas variações de amarelos ocres e de tons terrosos que refletem a aridez craquelada das terras do nordeste brasileiro. Essa transfiguração do espaço está diretamente ligada às questões atávicas do artista. Há um resgate na tradição do trabalho manual, de um (re)conhecimento ancestral que passa pelo tato.<br />
<br />
As obras de Raimundo Rodriguez traduzem, desta maneira, um “fazer” primordial, juntamente com uma consciência espontânea de aproveitamento que se manifesta em meio a uma variedade caótica de elementos descartados, objetos errantes, recontextualizando-os e extraindo-os do vasto cenário urbano onde repousam os restos e as sobras do mundo. Esses idílicos fragmentos tornam-se atemporais. Serve para o artista toda matéria-prima que não sirva para mais ninguém.<br />
<br />
Existe um efeito onírico e hipnotizante que emana da obra de Raimundo Rodriguez, no momento em que transporta o observador para uma realidade inaudita, onde esses objetos mundanos são reunidos conservando seus mais íntimos pensamentos, ruídos e sussurros.<br />
<br />
Esses objetos – todo tipo de material rejeitado, gasto, descartado, etc. encontram um novo lar, um novo propósito nas obras do artista, que não nega um impulso místico, religioso e missionário ao conferir nova vida através de um processo de ressignificação. Ressignificar, além de ser um método extraído da comunicação e da neurolinguística, nas mãos do artista, transforma-se num artifício poético que ilustra nobremente a extensão do ato criativo, a ponte exata entre dois mundos: o sensível e o inteligível já descrito por Platão.<br />
<br />
Da matéria bruta, brotam imponentes cavalos e santos guerreiros, ao fundo cenários de uma época de magia e misticismo são moldados a partir da lata, madeira, tinta e betume espalhando-se organicamente pelas paredes e por oratórios que são construídos como molduras, acolhendo as sobras agora já sacralizadas, numa fantástica anunciação.</div>
<br />
<br />
Renata Gesomino.<br />
Doutoranda na linha de pesquisa de História e Crítica da Arte pelo PPGAV.Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-27176911738671046402011-05-18T09:26:00.000-07:002013-06-29T08:41:19.472-07:00O sonho preso na gema do âmbar.<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWq6Gn85gfyvGYntyJHFF6iKyVvFaTyLKrm2UBvRzZUEe-vs0fnWyLBlER5Fj2-u1i9vt-SZUQeaFBM9UUObreLmojsrM61g0v1HlGTpnNiiwrngTP6UWPiaH4QTP0FsQxRqekVYtFufYm/s1600/IMG_1841.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWq6Gn85gfyvGYntyJHFF6iKyVvFaTyLKrm2UBvRzZUEe-vs0fnWyLBlER5Fj2-u1i9vt-SZUQeaFBM9UUObreLmojsrM61g0v1HlGTpnNiiwrngTP6UWPiaH4QTP0FsQxRqekVYtFufYm/s640/IMG_1841.JPG" width="640" /></a></div>
Sonhos é uma exposição elaborada pelo artista plástico Raimundo Rodriguez e que visa construir por cima das paredes ascéticas da galeria um conjunto de estruturas orgânicas catalisadoras de memórias aterradas pelo efeito implacável do tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Um olhar mais interessado logo perceberia o efeito onírico e hipnotizante intencional do artista ao transportar o observador para uma realidade diferente, onde os objetos pregados às paredes conservam emoções, pensamentos, ruídos e sussurros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Esses objetos – todo tipo de material rejeitado, gasto, descartado, etc. encontram um novo lar, um novo propósito nas obras do artista, que não nega um impulso místico, religioso e missionário ao conferir nova vida através de um processo de ressignificação do objeto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Tal qual o inseto que pela ação casual da natureza se encontra preso ao âmbar – resina vegetal de coloração amarelo-ocre, capaz de proteger pequenos organismos da ação corrosiva do tempo – e que por este motivo testemunharam a vida ancestral na Terra, de forma semelhante, o artista simbolicamente utiliza o betume, verniz amarronzado, que age fornecendo uma fina cobertura atemporal e assim reitera o processo de sacralização dos objetos, da madeira, das latas, dos “restos” que foram por ele escolhidos em meio a tantos objetos e destroços que são diariamente despejados no corpo calejado das cidades pós-modernas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Ressignificar, além de ser um método extraído da comunicação e da neurolinguística, nas mãos do artista, transforma-se num artifício poético que ilustra nobremente a extensão do ato criativo, a ponte exata entre dois mundos: o sensível e o inteligível já descrito por Platão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Através de Sonhos, o que o observador poderá encontrar desde que se permita experimentar tal transcendência, é talvez uma parada entre esses dois mundos, onde a planície fantástica que se ergue e que se espalha pelas paredes, não é nem de vida, nem de morte, nem somente de dura realidade, nem apenas de fantasmagoria, mas o vislumbre à meia luz de um sonho, ainda que breve.</div>
<br />
Renata Gesomino.<br />
Doutoranda na linha de pesquisa de História e Crítica da Arte pelo PPGAV.<br />
18/05/11.luisa cardosohttp://www.blogger.com/profile/04082065121375563028noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-54516953838863377212011-04-10T09:30:00.000-07:002013-06-29T08:43:39.801-07:00Agregando pequenos latifúndios: um campo já expandido<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8GCoWsbGt1qIrt7CFrL7r-uA6M4HGxw6Ov-5iqLshzB1dpigIHK6s2DUcKTF5ItaM1Bt9D5tNS8OdqokR6WeQY-GDA0yuhwp3QdDxD0YI00AVmZAmBrFnOpO014jPJlAKlyqc3bdtyS7g/s1600/raimundo-rodriguez-exposicao-sesc-caxias-1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8GCoWsbGt1qIrt7CFrL7r-uA6M4HGxw6Ov-5iqLshzB1dpigIHK6s2DUcKTF5ItaM1Bt9D5tNS8OdqokR6WeQY-GDA0yuhwp3QdDxD0YI00AVmZAmBrFnOpO014jPJlAKlyqc3bdtyS7g/s640/raimundo-rodriguez-exposicao-sesc-caxias-1.JPG" width="640" /></a></div>
Participando das comemorações do dia da Baixada Fluminense, o Sesc recebe as obras do artista plástico Raimundo Rodriguez. Um conjunto total de aproximadamente 40 módulos pertencentes à série “Latifúndio” que se justapõem formando uma grande paisagem de lata e papelão. Ocupando as paredes da galeria uniformemente os “latifúndios” de Raimundo Rodriguez, demarcam as riquezas de um território; as riquezas da Baixada, escapando de alguns rótulos conceituais freqüentes, tais como: “estética da gambiarra” e “art povera”, o que o artista pretende mostrar no evento comemorativo é justamente o oposto: a riqueza visual presente no material descartado, rejeitado, das sobras, revelando sua força expressiva e toda sua maleabilidade intrínseca.<br />
<br />
Surpreendendo o público com uma técnica capaz de abrir as latas encontradas aleatoriamente no entorno da própria Baixada Fluminense, o artista cria painéis coloridos, onde as latas são pregadas umas as outras, e as cores são resultantes da fixação da tinta no interior das latas que foram abertas, revelando espontaneamente matizes escondidas, gastas.<br />
<br />
Em cima de alguns módulos de lata é possível notar a presença de alguns círculos em tons terrosos formados pelas poucas tampas encontradas juntamente com as latas, como no ofício de um arqueólogo que busca fósseis valiosíssimos.<br />
<br />
Aos módulos de papelão são incorporadas colagens que a partir de um efeito pardacento acentuam as tonalidades ocres e terrosas, marca presente em diversos trabalhos do artista, que não nega, e por vezes reafirma a beleza da ação do tempo sobre as superfícies.<br />
<br />
Assim, Raimundo Rodriguez nos (re)apresenta a um mundo esquecido onde a precariedade dá lugar à abundância. E como há riqueza nesses pequenos latifúndios imprensados lado a lado em escalas herméticas rumo a um campo que já foi expandido pelas técnicas desenvolvidas, pelas linguagens criadas e pela criatividade humana que em meio ao material rejeitado - vulgarmente denominado de lixo - encontra espaço para a transmutação de sentidos e de valores e quem sabe de olhares?</div>
<br />
Renata Gesomino.<br />
Doutoranda pelo PPGAV-UFRJ na linha de pesquisa de história e crítica da arte.luisa cardosohttp://www.blogger.com/profile/04082065121375563028noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-33739772932003969772011-02-02T09:05:00.000-08:002013-06-29T08:47:04.839-07:00O Farol, o Mar... e o Artista<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIOSriLpraIPynGbDqv23601fsmbu6c_xQlf91npWTaBLcV5_GnBRwlnsua5vhxTadCAaSpyaiVJmfT-7Kw61Grn8KpRyfZ39upenMjLVYffN1cnP-BzbPiTzAg0wURYXC6IeuJUCB3EoS/s1600/DSC04969.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIOSriLpraIPynGbDqv23601fsmbu6c_xQlf91npWTaBLcV5_GnBRwlnsua5vhxTadCAaSpyaiVJmfT-7Kw61Grn8KpRyfZ39upenMjLVYffN1cnP-BzbPiTzAg0wURYXC6IeuJUCB3EoS/s640/DSC04969.JPG" width="640" /></a></div>
O farol e o mar. Ambos constituem um poderosíssimo referencial poético dentro da literatura universal, além de evocar imagens capazes de narrar grande parte da história das civilizações e suas conquistas sobre a natureza. Desde o mar idealizado por Ernst Hemingway com seu eterno embate entre o homem velho e o peixe gigante, até o farol discreto e sisudo, ponto alto na narrativa existencial dos frios personagens do romance de Virginia Woolf. O mar e o farol. Enquanto o primeiro se constitui como força incontrolável da natureza, capaz de guardar sob seu manto ultramarino as criaturas mais fantásticas com que a humanidade tem sonhado, já, o farol, se impõe como “porto seguro”, local de projeção luminosa, torre inabalável, cuja finalidade é guiar os bravos navegantes, rumo à glória, desde os remotos tempos de Alexandria.<br />
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No projeto que pretende reunir em uma enorme instalação com dimensões de 9,50m de largura X 5,50m de profundidade X 5,15m de altura, as obras: “O Farol” de Deneir de Souza e “O mar” de Raimundo Rodriguez, o resultado final é a construção de uma poética visual na qual o Farol - elemento estático e imponente se agiganta diante de um mar voluptuoso e inquieto.<br />
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A partir desse movimento permanente do mar, é dada ao espectador a possibilidade de observar a verticalidade sóbria do farol em relação às ondulações vertiginosas de um mar vivo, pulsante, mas que não esconde as suas engrenagens. O projeto fica composto por grandes rodas de ferro que funcionam como suporte para as cristas das ondas. A partir de motores elétricos essas ondas passam a adquirir um movimento circular moroso, mas contínuo. Diferentes planos dão a noção de profundidade, fazendo com que as ondas se encontrem em alturas distintas e o mar ganhe em volumetria e mobilidade. Luzes são instaladas estrategicamente, por entre os elementos da composição, de forma a contribuir com o movimento desordenado de esquerda para direita e de direita para esquerda, dando ao balé das ondas, ritmo e cadência. O farol de Deneir, fixado sobre uma caixa de madeira 1,20m x 1,20m x 2,00m, reproduz os sons das ondas do mar, dos pássaros e do vento, por meio de alto-falantes embutidos dentro de seu suporte, revelando através dos sons o testemunho de um guia, de um sobrevivente. Dessa maneira o conjunto da obra se completa e a experiência do observador de adensa diante de um mar que não esconde as suas origens humanas, revelando seu intrincado mecanismo de ação, através de suas engrenagens, rodas e correntes.<br />
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No universo subjetivo das artes plásticas, o mar e o farol são agentes simbólicos criados pela mão do homem, pela mão do artista, e a disputa entre homem e natureza encontra seu fim, e saímos todos vitoriosos.</div>
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Renata Gesomino.<br />
Doutoranda na linha de pesquisa de História e crítica da arte pelo PPGAV-UFRJ.Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-66548264545207841112010-09-15T09:35:00.000-07:002013-06-29T08:50:33.740-07:00No labirinto tropical, somos todos Teseu.<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcw98SlbOqNYEwBKUlQNoWT3h8qDf4471mTR12PWid-Q7Np3SpkknEEBEObfLyyj8AY4VA5XPPOQEhP1DWr8UnNtCsUcm6CQAbSyD4MJaIVstQ0ldEs9vb2lMrQAiJZF18bJfdTmFl3ZJc/s640/eterno+labirinto+008.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcw98SlbOqNYEwBKUlQNoWT3h8qDf4471mTR12PWid-Q7Np3SpkknEEBEObfLyyj8AY4VA5XPPOQEhP1DWr8UnNtCsUcm6CQAbSyD4MJaIVstQ0ldEs9vb2lMrQAiJZF18bJfdTmFl3ZJc/s640/eterno+labirinto+008.jpg" width="640" /></a></div>
Dentro do caos urbano, vias se multiplicam e se cruzam, formando um emaranhado de sons e caminhos que levam a lugar nenhum. Luzes artificiais cegam gradativamente e hipnotizam com a mesma velocidade com que estimulam cérebros viciados, ávidos por mais e mais estímulos. Imersos cotidianamente em uma ambiência entrópica, a espetacularização dos objetos leva a “coisificação” das relações humanas. Estamos em um labirinto. E não temos escolhas.<br />
A tautologia do dia-a-dia, as facilidades da vida moderna, a meta do desperdício nas políticas econômicas, as guerras inventadas, a banalização da vida, o lucro infinito. Esses são os tijolos das paredes do labirinto citadino.<br />
Mas, esta é apenas uma experiência labiríntica entre tantas. E existem tantas quanto existem pessoas no mundo.<br />
O artista plástico Raimundo Rodriguez, tece uma trama complexa e nos convida a trilhar um caminho incerto, crítico e vertiginoso. A construção do seu “Eterno Labirinto” é a materialização de suas próprias vivências, de um imaginário oculto, de um ciclo de vida e morte.<br />
Adentramos um espaço fantástico onde as paredes, saturadas com imagens, em toda a sua extensão, murmuram simultaneamente orações, segredos, desejos velados, confissões, poesias, medos, traições, canções de crianças, etc. Incontáveis são os pensamentos cristalizados nas paredes de três metros de altura, revestidas com madeira antiga e empoeirada, protegidas pelo verniz que lhes confere um tom rústico e sombrio.<br />
Ao contemplar as paredes imponentes que transmitem uma sensação claustrofóbica é possível ouvir as vozes, já sem tantos ruídos, e automaticamente entender que elas pertencem a homens, mulheres e crianças de toda parte, compartilhando seus regionalismos, traduzidas por sua fala e seus diversos sotaques.<br />
O percurso continua. A iluminação é Barroca e o sentimento também. Neste labirinto fantasmagórico somos transportados também para dentro de uma época pretérita. Há uma memória Colonial que reveste subjetivamente as paredes, dos pregos aos materiais descartados do dia-a-dia, e que nos separa da realidade do mundo exterior. Estamos dentro do Labirinto. Dentro de uma visão que a cada passo se multiplica e se torna universal, que a cada palavra e em alguma palavra se torna a nossa visão. Ao final de um corredor nos deparamos com o inevitável. O fim de todos os ciclos. A visão da morte nos choca. Após o choque a constatação: “é a morte alheia”. E alheios ao inevitável, ignoramos uma tradição, uma prática, uma crença nordestina, como tantas outras que fortificam as paredes robustas, materializada pelas fotografias. São documentos que não falam, nem murmuram como as paredes – eles gritam. E desse grito interior faz-se um silêncio. Mas, é preciso prosseguir, é preciso encontrar uma saída desse labirinto. É preciso escapar ao terror de confrontar aquilo que não queremos ver, nem pensar, nem sentir. Somos guiados por vozes e conduzidos instintivamente até outro ambiente. E então, o silêncio sepulcral se quebra e a passagem pela câmara mortuária chega a seu fim. Vemos outra cena menos densa e mais iluminada. Estamos em outra câmara, e subitamente voltamos a ser criança.</div>
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15/09/10<br />
Renata Gesomino<br />
Doutoranda pelo PPGAV-UFRJ na linha de pesquisa de história e crítica da arte.Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-14757456157271824152010-09-03T14:50:00.000-07:002013-06-29T08:55:47.451-07:00Raimundo Rodriguez - Arte de Portas Abertas, 2010<h3>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn13Krv-7_6x8pYWUIvMOLDnpFS7R5vTQ2tJ6UD8Kemg4WfgaQh5948Cgd2Iihizy48aVYJgwn8YkKuzVKDBVCCkLAfdrQNWJYrKa9qNQyQXXGs7eCu0iJYqfKfcbFow0VeyEkT2bVmrP5/s640/raimundo-rodriguez-carrossel-arte-portas-abertas-2011.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn13Krv-7_6x8pYWUIvMOLDnpFS7R5vTQ2tJ6UD8Kemg4WfgaQh5948Cgd2Iihizy48aVYJgwn8YkKuzVKDBVCCkLAfdrQNWJYrKa9qNQyQXXGs7eCu0iJYqfKfcbFow0VeyEkT2bVmrP5/s640/raimundo-rodriguez-carrossel-arte-portas-abertas-2011.JPG" width="640" /></a></div>
Museu Casa de Benjamin Constant<br />
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<b><a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com/search/label/Arte%20de%20Portas%20Abertas" target="_blank" title="Veja o Carrossel">Carrossel</a></b>: olhos que fitam, mentes que giram.</h3>
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Há um movimento giratório concêntrico que de maneira vertiginosa nos captura para dentro de um universo já extinto. Aprisionados nessa camada intermediária entre devaneio e realidade, somos levados a caminhar por um chão batido onde a poeira fina se levanta rapidamente envelhecendo ainda mais os banquinhos de praça e o caramanchão verde ao fundo. <br />
Nesse cenário bucólico, onde árvores de várias espécies juntam-se ao hermetismo da casa branca do século XIX, encontramos a imagem materializada de uma estrutura deslocada do espaço e do tempo.<br />
É o que o artista plástico, Raimundo Rodriguez, nos oferta com a instalação “Carrossel”, onde oito cavalinhos de papelão se enfileiram concentricamente em busca de resquícios de infinitas infâncias perdidas, remontando parte de sua íntima memória afetiva. <br />
Elemento recorrente e de fortíssimo valor simbólico dentro das poéticas do artista, os cavalos, que estão instalados no quintal do Museu Casa de Benjamin Constant, por ocasião da mais recente edição do evento “Arte de Portas Abertas”, apresentam uma construção dentro da linguagem ímpar do artista, onde materiais recicláveis são dispostos de forma, ora a evocar imagens afetivas, ora a evocar aspectos da contemporaneidade que por meio de uma quase alquimia, converte material frágil em material nobre.<br />
Os oito cavalos de papelão, envelhecidos com verniz e betume, aparentam a solidez e o peso da madeira barroca, imagem na qual Raimundo Rodriguez tão fartamente se serve em seus trabalhos, conferindo um tom amarronzado com cores difusas e um odor de coisa antiga. <br />
A partir do eixo de ferro que se fixa ao chão, vemos inteiramente a estrutura simples atingir cerca de 4m de diâmetro por 2,5m de altura, de onde as hastes, feitas de madeira reaproveitável, ligam-se aos cavalos formando o carrossel. <br />
Nos olhos dos oito cavalos vemos um reflexo negro-azulado próprio das bolas-de-gude, um outro elemento que remete a brincadeiras infantis quase que inexistentes nos dias de hoje, ao mesmo tempo em que, nas celas dos cavalos, materiais como os discos compactos – cd´s são incorporados nos trazendo momentaneamente de volta ao espaço-tempo real, num ir e vir constante, moroso. <br />
Contemplar a instalação “Carrossel” é ludicamente olhar de soslaio para o passado, reaprendendo a lição tautológica da vida, e ao final de uma volta de 360 graus, retornar suavemente para o presente. Parado ou em movimento é essa imagem atemporal que o artista plástico Raimundo Rodriguez nos presenteia, recompondo os delicados fragmentos de inúmeras e anônimas infâncias perdidas revitalizando, por conseguinte, vivências atuais. </div>
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03/09/10<br />
Renata Gesomino<br />
Doutoranda na linha de Pesquisa de História e Crítica da Arte pelo PPGAV-UFRJ.Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-88831811638077699832010-08-29T13:31:00.001-07:002013-06-27T17:42:17.402-07:00Raimundo RodriguezMontagens . pinturas . objetos<br />
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<div style="text-align: justify;"> Os corredores estreitos quase labirintos, as pequenas câmaras com luz difusa, as avalanches de informações que caem sobre o expectador nesta montagem da exposição de Raimundo na Galeria do Sesc/Meriti. É um mergulho profundo no sítio arqueológico que cada ser humano traz em seu interior. O místico, o religioso, os arquétipos, tudo que possa estar enterrado como fóssil começa a desvelar-se a luz dos olhos que permitem os questionamentos.</div><br />
<div style="text-align: right;">Gino Fonseca</div><div style="text-align: right;">Curador da exposição</div>Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-91142439002128252062010-08-28T12:25:00.000-07:002013-06-27T17:42:17.405-07:00Raimundo Rodriguez , um artista educador<div style="text-align: justify;"><br/><br />
Um artista talentoso que se interessa pelo rejeito, pelo material desprezado, pelas sobras: este é o princípio básico de seu trabalho. Seu desafio é sempre transformar algo que ninguém quer em objeto de desejo. Sua filosofia é tornar a dar vida ao que já está morto, é ressuscitá-lo, é proporcionar-lhe uma nova vida. No material totalmente desprezado é que ele percebe força e beleza. Para Raimundo, o objeto que porventura escolhe para levar a cabo sua missão, não muda, o que muda é a energia do mesmo. “Quando pego uma bacia velha, a bacia continua a mesma, mas ela vai se transformar num objeto que vai ser desejado. Me interessam muito os objetos de força bruta para sacralizá-los: um carrinho de mão, uma ferramenta, um manequim de moda que transformo em anjo. Quero, como disse Walmir Ayala, harmonizar objetos conflitantes.”<br />
O surrealista francês Marcel Duchamp colocou, em 1914, um objeto escolhido ao acaso sobre um pedestal, o qual ficou assim investido da dignidade solitária do destroço abandonado. Servindo a nada, disponível, pronto para tudo, vive. Essa exaltação mágica do objeto é a confirmação de que a arte moderna, conhecida como tal desde o início do século XX, se remete à tradição dos alquimistas que, durante a Idade Média, consideravam a matéria como a essência da terra, digna de contemplação religiosa A arte moderna e sua significação simbólica,ocupam por conseguinte, um lugar na história do espírito humano.<br />
O espírito da matéria, isto é, o espírito que se encontra dentro e por trás dos objetos inanimados, pode ser percebido por termos, dentro de nós, o mesmo mistério. Contactamo-nos com esses materiais, diretamente, através do que Jung chamou de inconsciente coletivo. Esta definição, como a conhecemos hoje e aquilo que em termos da física chamamos de matéria, era para os alquimistas a mesma coisa “desconhecida” , só que num dos casos observada de fora , e, no outro, de dentro. ”André Breton, o poeta francês, um dos mais importantes idealizadores do Surrealismo, no início do século XX, buscou a reconciliação dos contrários, o consciente e o inconsciente. Miró, Picasso, Braque, com suas colagens, feitas com todo o tipo de lixo e entulhos, e Paul Klee, traduziam o espírito dessa época em suas obras e compartilhavam a sensação de que o objeto significa “mais do que o olho pode perceber.” Cada artista, desde os mais remotos tempos, foi sempre o instrumento e o intérprete de sua época e, para esses artistas de vanguarda, que viviam a tragédia da I Guerra Mundial e suas conseqüências dramáticas e funestas para as populações atingidas, foi preciso romper, quebrar com os cânones da arte até então vigentes.<br />
Raimundo, perfeito continuador dessa maneira peculiar de viver a arte, não compra o material, usa o que vai encontrando largado, abandonado pelas ruas, pelos montes de lixo: sua “matéria-prima “ é o rejeito. Dentro do lixo só o interessa o que não interessa a mais ninguém. Não interfere logo na peça, deixa que ela se apresente. Não quer , porém, mostrar-se panfletário no aproveitamento desse material. Tem uma firme posição filosófica sobre o assunto: não se envolve em disputas com ninguém na obtenção do material, não usa da violência da disputa. Para ele, objetos, ressentimentos e pessoas rejeitadas não interessam, só se conseguir transformá-las. E diz que o que transforma é a arte, é sentimento. Se não mudar o coração, se não abrir o coração, se não der alegria, se não provocar um questionamento, não muda nada. Argumenta, com sabedoria, que com o acúmulo de informações, com os milhares de livros,de filmes, de revistas, de programas de televisão, nos tornamos mais superficiais pois não há tempo para aprofundamentos. Mas para o artista, lembra Kandinsky, a importância das grandes obras de arte não repousa na superfície mas na raiz das raízes: no conteúdo místico da arte. E ele afirma que o olho do artista deve estar sempre voltado para sua vida íntima e seu ouvido, sempre alerta à voz da necessidade interior. Paul Klee, por sua vez, diz que é preciso tornar visível tudo o que se percebe secretamente. A lamentar, filosofa Raimundo, o fato de que a maioria das pessoas só vê a superfície, quando o certo é ver com o coração. Ver dentro das coisas, com/ viver. Aprender essa atitude leva tempo, não é um dom, não é magia, é estudo, um treinamento, um hábito.<br />
Nascido no Ceará em 1963, filho de pai estucador e neto de carpinteiro, começou a pintar aos treze anos. Participou de ateliê no Rio, a Colméia dos Pintores do Brasil e participou, aos quinze anos do 1º Salão do Artista Jovem, no Planetário, no Rio. Durante alguns anos foi animador cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Tem presença constante e de grande relevância no movimento cultural do município de Nova Iguaçu, onde mora. É fundador e participante ativo do Grupo Imaginário Periférico. Em sua comunidade pinta muros, participa das festas, recebe, com prazer, as doações dos conhecidos daquilo que não os interessa mais. Sai às ruas e vai cumprimentando e conversando com intimidade com os que encontra. Convive com a pobreza dos vizinhos e percebe que, apesar das muitas necessidades são pessoas criativas. Vê como muito importante conviver com sua comunidade, pois aí estão suas raízes. Não se isola dentro do ateliê para ele próprio não se sacralizar também. Sintomático é o nome dado a um cachorrinho, achado por ele, muito feio e doente: é o Reciclado, hoje um animal alegre e bem disposto.<br />
Como definiu Raimundo: é tudo uma questão de latitude. Pode-se perceber, que, em seu trabalho, não se restringe à produção de telas e objetos escultórios. Interage, continuamente, em sua vida, e através de sua criação, com seus semelhantes. Raimundo, o sensível diretor de arte dos seriados “A Pedra do Reino” e de “Capitu” e responsável pelo ateliê de arte de “Hoje é dia de Maria”, destaca-se com seu trabalho e ensina, com eloqüência, que foi possível harmonizar seu discurso com sua obra plástica, feita com os restos de uma sociedade consumista e, muitas vezes, perdulária. Há uma inequívoca coerência em sua atitude. Ele nos ensina que é possível evitar o desperdício e aproveitar o que é considerado imprestável para o uso, até mesmo para criar. Embora ele não tenha uma preocupação ecológica no que faz, é um ganho ambiental o que conseguimos com sua atuação. Percebe-se, sem sombra de dúvida, em seu caso, o significado social da obra de arte: ela trabalha continuamente na educação do espírito da época, pois traz à tona aquelas formas das quais se necessita. O artista, como educador, nos faz vislumbrar a atmosfera espiritual de que necessitamos.</div><br />
<div style="text-align: right;">Amélia Zaluar</div>luisa cardosohttp://www.blogger.com/profile/04082065121375563028noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-86963398786756480852009-11-07T06:38:00.000-08:002013-06-29T09:03:05.397-07:00Raimundo Rodriguez - Sete Carinhas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5uvU9moRCBdzw80IX0dD2rLMWxClAta5s9ukx2AKImoyT4SOZuCSAaX_rst5lquIEzTMbHLR8zZ8P-ZohuYlZc56ThmFOoxfcECmb3kfr0nnVJTrwZKDFXOoN6PFqXsVmgMBb2_BF_WiO/s640/raimundo+rodriguez+embaixada+da+arte+foto+marcio+zardo..jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5uvU9moRCBdzw80IX0dD2rLMWxClAta5s9ukx2AKImoyT4SOZuCSAaX_rst5lquIEzTMbHLR8zZ8P-ZohuYlZc56ThmFOoxfcECmb3kfr0nnVJTrwZKDFXOoN6PFqXsVmgMBb2_BF_WiO/s640/raimundo+rodriguez+embaixada+da+arte+foto+marcio+zardo..jpg" width="640" /></a></div>
Exposição <b><a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com/search/label/Embaixada%20da%20arte" target="_blank" title="Veja: Raimundo Rodriguez - Embaixada da Arte">Embaixada da Arte</a></b>. Galeria Espaço Imaginário e SESC Nova Iguaçu, 2009.<br />
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<div style="text-align: justify;">
Quem nunca entrou numa casa e se deparou com um quadro ou porta retratos já amarelados pelo tempo com sete carinhas de crianças com roupas antigas e penteados rebuscados em preto e branco flutuando aleatoriamente na superfície plana?</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois, Raimundo Rodriguez parece resgatar de seu inventário íntimo a tradição dos retratos que povoaram o imaginário da população, sobretudo a partir das décadas de 40 e 50, fazendo referência à antiga técnica fotográfica com muito bom humor e sagacidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desta maneira, a obra de perfil alegre e saudosista "Os sete carinhas" pretende homenagear em cada uma de suas 12 "imagens-objeto" as sete faces de sete artistas que tiveram ou ainda tem participação efetiva na trajetória artística de Raimundo Rodriguez.</div>
<div style="text-align: justify;">
Constituída de uma série de retratos formalmente emoldurados e sobrepostos em caixas de acrílico, a obra denota um misto de contemporaneidade e tradição, conseguindo alternar de forma lúdica entre o diálogo do passado e uma prosa informal entre amigos no presente.</div>
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<div style="text-align: right;">
Renata Gesomino</div>
<div style="text-align: right;">
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<div style="text-align: right;">
doutoranda em História e Crítica da Arte</div>
<div style="text-align: right;">
pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ.</div>
Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-90995627966720580202007-09-05T06:25:00.000-07:002013-06-29T09:07:33.008-07:00Raimundo Rodriguez - Travessia e Destino<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8alF_yip68X1w4iWoMhAaEKLQQWUQTSonwFgS4Axzi8GJoJ7V8iPNADfTpO0187HswoS5oxw-hh22SKtrYSZDVDl3Ul_-1a96yje4_TvxQ3hCRXyN2tIujO524Fyd7IQihyphenhyphenYLclbubOBA/s1600/DSC_3516.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8alF_yip68X1w4iWoMhAaEKLQQWUQTSonwFgS4Axzi8GJoJ7V8iPNADfTpO0187HswoS5oxw-hh22SKtrYSZDVDl3Ul_-1a96yje4_TvxQ3hCRXyN2tIujO524Fyd7IQihyphenhyphenYLclbubOBA/s640/DSC_3516.JPG" width="640" /></a></div>
Exposição <b><a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com/search/label/Sonhos" target="_blank" title="Veja: Raimundo Rodriguez - Sonhos">Sonhos</a></b>. Galeria 90, 2007.<br />
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<div style="text-align: justify;">
Na contracorrente de toda uma geração que parece apenas seduzida ou interessada em novas mídias e tecnologias, Raimundo Rodriguez lança seu olhar para os objetos largados no tempo e no espaço, sacralizando-os com seu gesto rigoroso de arqueólogo dos restos, alçando sua produção para uma transcendência mais objetiva em torno de uma espécie de relicário alquímico das ruas, das memórias, de um país, de um mundo e de si mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
É possível perceber que suas obras são fruto da união entre o mortal e o imortal, do visível com o invisível. Um objeto morto [invisível], aos olhos do artista encontra desejos e sonhos [visíveis] acima do que a cultura estabelecida pode permitir, com qualidades estéticas igualmente acima daquelas próprias aos objetos em seus antigos cotidianos. Neste conjunto de gestos estão fortemente presentes as ideias de Travessia e Destino, elementos sagrados com os quais o artista parece deslocar-se, indo e vindo, como quem lida de forma selvagem e ao mesmo tempo reflexiva, evocando cores e texturas através de um gesto religioso.</div>
<div style="text-align: justify;">
O artista, acompanhado de seus objetos parece cumprir um Destino. Essa ultrapassagem violenta - sendo esta ainda um objeto mortal - representa também o maior de todos os deslocamentos impostos a todos os objetos artisticos: uma forma nova. Raimundo Rodriguez e seus objetos poderão então nos servir de modelo de transcendência e superação para outros objetos humanos.</div>
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<div style="text-align: right;">
Luiz Fernando Carvalho<br />
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cineasta e diretor de TV. Entre seus trabalhos estão o filme<br />
Lavoura Arcaica e as minisséries Os Maias,<br />
Hoje é Dia de Maria, A Pedra do Reino e Capitu.</div>
Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-37784883928709534471996-08-13T13:46:00.000-07:002013-06-29T08:16:07.842-07:00Raimundo Rodriguez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo2hA3A_GW1NUiPUkgSErYIreJ9VntzpsRnbonAs6Y3X0gkZJKw5wASudZqCSzoLEL6dTVnpne6Dc9qzJOQRkJnkYUOTpX8okTfrzhKGv9jXiBDpfrZrmNDN-fLFCnrrdBnz413zP6_RY5/s1600/O+BANQUETE+DE+IMAGENS+TRANSCEDENTAIS+FOLHETO+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo2hA3A_GW1NUiPUkgSErYIreJ9VntzpsRnbonAs6Y3X0gkZJKw5wASudZqCSzoLEL6dTVnpne6Dc9qzJOQRkJnkYUOTpX8okTfrzhKGv9jXiBDpfrZrmNDN-fLFCnrrdBnz413zP6_RY5/s640/O+BANQUETE+DE+IMAGENS+TRANSCEDENTAIS+FOLHETO+5.jpg" width="640" /></a></div>
Banquete de Imagens Transcendentais<br />
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A arte é a ordem. Cada obra de arte tem como objetivo ser um aperfeiçoamento da vida e uma compensação para suas deficiências. Ela exerce uma influência suavizante, concedendo uma ordem ao caos interior que sempre ameaça se apossar de nós.</div>
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Conhecimento intuitivo, a criação e a contemplação artística revelam-nos, por um instante apenas, o que a vida de relações, a inteligência e a percepção ordinária ocultam.</div>
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O que falar das obras de Raimundo Rodrigues... Elas são o retrato de um artista antenado com seu tempo, frutos de um julgamento estético contemporâneo. Obras que desafiam, incomodam, questionam, ultrapassam a barreira de simples resenhas. Precisam ser sentidas, tocadas.</div>
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Raimundo Rodrigues mergulha no seu arquivo pessoal de emoções e lembranças e traz à tona imagens vigorosas, pungentes.</div>
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Nascimento e morte, Eros e Tanatos, brigam e se reconciliam a todo instante nestas instalações, objetos, estandartes, criados a partir de sucatas e materiais das mais variadas texturas, recolhidos entre amigos, parentes ou pelas ruas.</div>
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São imagens impregnadas de religiosidade, simbolismos, de tributo à vida.</div>
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Raimundo oferece um raro momento de prazer. Um banquete dionisíaco de imagens míticas, transcendentais, arquetípicas, que estão além do fenomenal.</div>
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A arte de Raimundo Rodrigues propõe a liberdade, a redenção ao caos.</div>
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13 de Agosto de 1996</div>
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Sylvio Frazão</div>
Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-71227490185442217901995-10-09T13:37:00.000-07:002013-06-27T17:42:17.397-07:00Raimundo RodriguezExposição <a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com/search/label/Santos%20Arcanos"><b>Santos Arcanos</b></a>. Livraria Bookmakers, 1995.<br />
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<div style="text-align: justify;"> Religioso na verdadeira acepção da palavra (religare = ligação com o divino, com o sagrado, com a natureza), Raimundo Rodriguez percebe uma correlação, a nível profundo, de energias entre santos católicos e os arcanos do tarô. Sente analogias, intui semelhanças, identifica, reinventa: O Sol é São Francisco, o Eremita é Santo Onofre, a Força é São Jerônimo.</div><div style="text-align: justify;"> Ao utilizar, para suas surpreendentes montagens, restos de coisas,”desenterrados” e guardados com uma paixão de arqueólogo, ele vai fazendo, ao mesmo tempo, através da arte, um registro sociológico de sua realidade, de sua rica cultura interiorana.</div><br />
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<div style="text-align: right;">Amélia Zaluar</div>Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-53214489400765227351995-05-27T13:42:00.000-07:002013-06-29T08:13:50.222-07:00Raimundo Rodriguez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj92XnQ9EBkxmPEtTJlls6FVOi-fqbkFtR-WpUgbFP6S3aZyE0QFG4Cu3hg0uMJNF2fMWx2jsE-87RMZNbN4qZLIyW-4lsrqULV8qksAPPAMASal0UNczHJcKad9GdMcQNrcuN_OX8HxCfD/s816/fabulario.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj92XnQ9EBkxmPEtTJlls6FVOi-fqbkFtR-WpUgbFP6S3aZyE0QFG4Cu3hg0uMJNF2fMWx2jsE-87RMZNbN4qZLIyW-4lsrqULV8qksAPPAMASal0UNczHJcKad9GdMcQNrcuN_OX8HxCfD/s640/fabulario.jpg" width="614" /></a></div>
Exposição <a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com/search/label/Fabul%C3%A1rio%20da%20Cren%C3%A7a%20Popular"><b>Fabulário da Crença Popular</b></a>. Espaço Cultural Aliança Francesa Maison de France, 1995.<br />
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A obra de Raimundo Rodriguez, hoje, não fala apenas aos nossos olhos como objeto estético,mas tange naquilo que representa talvez, nossas primeiras sensações, travestidas em mistérios, na religiosidade mística ou mesmo na revitalização estética de elementos do nosso cotidiano.</div>
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Neste momento, amadurecido, Raimundo faz-nos observar fascinados que estas obras, no limiar da pintura e escultura estão vivas de histórias para serem contadas, onde a cor nada mais é que sutil elo de narrativa deste mundo novamente recriado, em que no meio de um aparente caos tudo tem o seu lugar, seu equilíbrio, sua beleza.</div>
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Noé Váz</div>
Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6504260532406536997.post-74227880231163756261994-03-22T13:25:00.000-08:002013-06-29T08:18:33.570-07:00Raimundo Rodriguez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1VdhH2nKi_GIIHKA9Zg7Ug1owN8MOEmrq3x0BS5cbKDQL0KRyTXzykZ36hxXS9hvGj6-bCmh3D7DTj3v94vo-dbwW8KEpmFWx5R1AEfYtx1Yu74pbJA4154wd_Nq8mnOA47GR3pWEekl6/s1200/exposi%C3%A7%C3%A3o+agnus+dei+003.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1VdhH2nKi_GIIHKA9Zg7Ug1owN8MOEmrq3x0BS5cbKDQL0KRyTXzykZ36hxXS9hvGj6-bCmh3D7DTj3v94vo-dbwW8KEpmFWx5R1AEfYtx1Yu74pbJA4154wd_Nq8mnOA47GR3pWEekl6/s640/exposi%C3%A7%C3%A3o+agnus+dei+003.jpg" width="640" /></a></div>
Exposição <a href="http://raimundorodriguez.blogspot.com/search/label/Agnus-Dei"><b>Agnus-Dei</b></a> - Livraria Bookmakers,1995<br />
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São santinhos e fotos antigas, pedaços de pano e tocos de pau, velha forma de metal compondo o requinte e a monumentalidade destas pequenas dimensões, num fundo de sobriedade e delicadeza. Materiais vários como cera, tecido, vidro, pedra – com predomínio da madeira – curados no sono dos dias, estes cacos cotidianos acordam reintegrados ao novo espaço, banhados no verniz propício do sonho do artista. É a vez de Raimundo Rodriguez se debruçar sobre o humano com enternecimento. Nestes objetos pejados de um bíblico sentimento do mundo, ele busca com mãos de artesão o calor íntimo das coisas. Raimundo Rodriguez é um inquieto, inquieto de uma inquietação que o mantém cotidianamente no exercício de suas múltiplas possibilidades. Sua obra cresce na medida dessa inquietação, gerada no pó das estradas. Ele é nordestino e assim se tem dele uma idéia mais aproximada. Seu mundo de homem é seu mundo de artista, aqui a sua ração de universalidade. A cultura nordestina, ou melhor, a mitologia nordestina e o vasto fabulário da crença popular dos subúrbios são alguns dos ingredientes que vem oxigenar seu trabalho neste momento, que os estudos dos textos bíblicos vestem de paixão. O artista soube a sua intuição neste clima e adequá-la as suas intenções. Intenções realizadas num conjunto de admirável coerência. Com essa coerência, que é uma de suas virtudes, deve cumprirum caminho nas artes plásticas brasileiras. Caminho para o qual veio predestinado; caminho que começa a trilhar com inteligência e obstinação.</div>
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Rio de Janeiro, Fevereiro de 1994.</div>
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André Seffrin </div>
Raimundo Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/17367840849892873377noreply@blogger.com0